História do L'Équipe
Até hoje, qualquer criança que quisesse começar a velejar teria de se inscrever no Optimist. A partir deste ano, a escolha foi alargada ao L´Équipe que, ao contrário do Optimist possui três velas e é tripulado por duas pessoas, possuindo à proa um trapézio.
O protótipo em madeira do L´Équipe navegou pela primeira vez em Julho de 1981 em frente à Escola Nacional de Vela Francesa em Quiberon. O primeiro barco em fibra de vidro foi apresentado no salão náutico de Paris, em Janeiro de 1982.
Marc Laurent, campeão do Mundo em 470, 8º nos Jogos Olímpicos de Montreal e treinador das equipas de França de 470 e Flying Dutchman durante três Olímpiadas, foi o arquitecto deste barco que teve como objectivo fazer face aos problemas ligados à navegação com 2 tripulantes. A falta de tripulações, problemas de coesão técnica, entendimento entre os dois elementos, agravado quando os jovens navegam em barcos solitários.
Foi por estas razões que Marc Laurent decidiu criar um barco para dois tripulantes, capaz de fazer abordar desde cedo os problemas ligados à navegação em duplo.
Concebeu-se um barco simples para responder às necessidades da iniciação, mas suficientemente completo para dar satisfação nas regatas e ao melhor preço de custo possível.
Em 1983 o surgimento do L´ÉQUIPE BLEUE, depois a copa de França em 1985, foram determinantes no forte impacto junto dos velejadores e treinadores contribuindo assim para o rápido desenvolvimento da classe.
Adoptado em 1984 pelas "Écoles de Sport" da Federação Francesa de Vela, o L´Équipe foi integrado em 1987 no programa dos Campeonatos de França na categoria de "mínimos duplos".
Em 1989 é fabricado o milésimo barco com a implantação do L´Équipe nos países Anglo-Saxónicos, devido à decisão da Sociedade Holt Allen de construir a embarcação em Inglaterra.
Em 1991 a Federação Indiana de Vela integra-o na sua política desportiva e financeira uma operação de 2 anos que suporta mais de 450 unidades.
O L´Équipe é especifico para crianças dos 10 aos 15 anos, cujo peso total não deverá ser superior aos 110 Kg, de modo a não alterar as performances do barco. A sua idade limite é a mesma que a dos Optimist.
Em 1994 será realizado o primeiro Campeonato Europeu para a classe L´Équipe de 23 a 29 de Julho, em Leixões. Será aberto a dez tripulações Portuguesas.
Como facilmente se repara, este barco é inspirado no conhecido Flying Dutchman. As suas linhas são parecidas com este último e possui várias semelhanças, tais como o aspirador de spi, o casco longo e plano e o desenho das velas.
O barco é de simples manejo, estando tudo muito simplificado de modo a poder ser utilizado por iniciantes.
A vela grande é comandada através da escota, utilizando dois moitões na retranca e dois no fundo, tendo um deles um mordedor. Os moitões estão colocados de maneira a que a escota fique perpendicular à retranca, quando esta se encontra na posição de bolina. A vela grande pode ser afinada através da esteira, do Cunningham, do Boom-Jack e da curvatura do mastro.
O cabo de esteira é simples e mordido no extremo da retranca. O Cunningham é fixo num olhal na perte inferior da vela, passa por baixo da retranca, sobe para um segundo olhal e finalmente para um cunho no mastro. O Boom-Jack é constituído por dois moitões com duas roldanas, tendo o superior um mordedor e um gancho. A curvatura do mastro é controlada através da própria afinação da tensão dos brandais e da tensão da testa da genoa. Esta curvatura pode ser corrigida no mar para cada situação, através de um cabo que abraça o mastro ao nível da enora e que o permite puxar para trás. Este efeito ajuda a endireitar o mastro, bastante útil para as polpas e largos e mesmo bolinas em que é preciso um acréscimo de potência. Folgando este cabo, o mastro volta a uma posição de "Pre-Bend", devido à tensão dos brandais.
A escota da genoa passa por um passador fixo no convés antes de ir para o mordedor e tem a particularidade de passar por fora dos brandais. Isto é possível, devido aos brandais serem fixos um pouco para dentro e não junto ao verdugo, como acontece no 420 ou Snipe. A adriça da genoa é afinável na parte inferior do poco, permitindo alterar o mastro de acordo com o peso da tripulação ou com as condições de mar e vento.
A parte mais interessante deste barco é, sem dúvida, o içar e arriar do spi. Inspirado no Flying Dutchman, este sistema torna bastante simples a operação, pois o tripulante não precisa de tocar no spi devido a este ser totalmente comandado por cabos. Em repouso, o spi é alojado num compartimento que ocupa toda a zona da proa. Este compartimento tem três aberturas: uma na proa, através da qual o spi sai para o exterior e duas na parte de trás. Uma delas serve para guardar o pau de spi quando não está a ser utilizado. A outra abertura, bastante mais pequena, serve de entrada para um cabo sem-fim que iça e arreia o spi. Este cabo é, portanto a adriça do spi e, como tal, esta fixa a sua parte superior. Sensivelmente a meio do spi existe um olhal. Através do qual este cabo sem fim passa e segue em direção ao aspirador: caçando o cabo que sai para o convés, o spi é arriado, caçando o que sai pelo mastro, o spi é içado.
Para sustentar o pau de spi existe um único cabo elástico que serve de amantilho e de gaio ao mesmo tempo. Para evitar que suba demasiado, existem uns passadores junto ao verdugo que permitem aumentar o ângulo da alanta com o convés, tornando-o mais eficiente. Logo a seguir a estes passadores, há uns mordedores que possibilitam fixar a alanta de barlavento. A de sotavento terá de ir na mão do proa, de modo a que o spi seja constantemente afinado. Em termos de aparelho, o L´Équipe é bastante simples, podendo ser facilmente manuseado por principiantes. A sua petranca é bastante alta, o que permite que um adulto possa acompanhar uma criança na sua fase de iniciação.
A proa não possui cintas, mas sim um trapézio que só é usado com ventos frescos. Se a tripulação somar mais de 110 Kg a utilização do trapézio será muito rara tornando um pouco desinteressante as bolinas neste barco. Em vários contactos que tivemos com velejadores de L´Équipe, este foi o ponto que toda agente se queixou. O barco tem velas pouco potentes, não permitindo o trapézio com ventos médios. Contudo, não se pode esquecer que este barco foi desenhado para velejadores até aos quinze anos.
O patilhão, feito de madeira e com um movimento perpendicular ao barco, funciona da mesma maneira que num Optimist ou num Snipe. Entre as posições extremas de bolina e de popa, em que o patilhão vai todo em baixo ou todo em cima, podem ser experimentados posições intermédias de acordo com a corrente ou mesmo com a força do vento. Uma tripulação leve, que não aguente o barco à bolina, poderá levantar ligeiramente o patilhão por forma a diminuir a resistência lateral. O barco fará menos força, mas por outro lado terá maior tendência para derivar.
O leme é basculante, sendo possível obter apenas a posição de arriado e levantado. Este fato não permite qualquer afinação da posição do leme, facilitando apenas as chegadas a terra. A cachola é feita de alumínio e o leme é de madeira. O patilhão e leme de fibra são opcionais.
Olhando para o poço do L´Équipe, repara-se que a parte anterior é mais baixa que a posterior, obrigando toda a água a escorrer para a boeira. Na popa do barco há uma caixa estanque bastante útil para guardar tudo o que não se pode molhar, como o almoço ou as instruções de regata.
O barco é bonito a velejar e é rápido em todas as mareações. É uma embarcação bastante leve e com várias afinações possíveis, tornando-o bastante interessante e técnico. Sem dúvida que com muito treino se conseguirá torná-lo mais rápido que o dos adversários mais desleixados.